Foo Fighters foi o grande destaque do primeiro final de semana do Rock in Rio

Finalmente mais um Rock in Rio entre nós e como eu não sou rica o jeito foi assistir pela televisão mesmo 😔. O primeiro final de semana teve shows para todos os tipos de gostos, mas como esse é um blog de rock vamos ao que nos interessa. Sexta-feira (dia da abertura) não teve nada que presta, então pula para sábado.

CPM 22 e Raimundos (representando Brasília) abriram os shows do Palco Mundo. Um espetáculo cheio de nostalgia com um revezamento de sucessos das duas bandas. Badauí e Digão dividiram os microfones em todas as músicas em um setlist intercalado: Eu quero ver o oco, Mulher de Fases, I saw you saying (That you say that you saw) – Raimundos – Não sei viver sem ter você, Um minuto para o fim do mundo, Regina Lets go! – CPM 22.

Na minha modesta opinião foi sensacional! Um prato cheio para quem era adolescente no final dos anos 90 e começo dos anos 2000. O CPM já tinha tocado no Palco Mundo em 2015 e por isso acredito que uma outra apresentação deles, que tiveram seus maiores hits no começo do ano 2000, talvez pudesse ser mais do mesmo e cansar o público. A união com os Raimundos foi uma alternativa interessante e inteligente. Todos os integrantes estavam entrosados e ensaiados. Minha única reclamação foi o microfone do Digão, que ficou o show inteiro muito baixo, mas nada que tire o brilho do espetáculo… Por mais encontros como esse! 👏👏👏👏👏

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Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Logo em seguida no Palco Mundo tivemos Tenacious D (que eu nem sabia que existia) em sua primeira apresentação no Brasil.  A única coisa que conheço da banda é que tem o ator e comediante Jack Black nos vocais e até onde sei não existe nenhuma grande canção conhecida deles. Bom, vindo do Jack Black é óbvio que o conjunto tem uma sátira roqueira. Ok, se o propósito é ser engraçado ou algo do tipo eu não consegui. Para muitos que estavam no festival, o grande momento foi quando Juninho Groovador subiu ao palco para tocar Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Nunca tinha ouvido falar nesse músico nordestino, que dizem que é famoso na internet devido as versões de forró de clássicos da música internacional, entre eles essa do Nirvana. Acredito que quem curte a banda pode até ter gostado, mas no meu caso senti Kurt Cobain se revirando no túmulo de tão ruim que ficou. Um festival que deveria ser dedicado somente ao rock convidando alguém que faz uma versão forró de um grande hit? Preciso dizer a minha opinião? Ok…. há anos o Rock in Rio foca muito mais em outros estilos do que no próprio rock.

Marta Ayora - TDMDQA
Foto: Marta Ayora /TDMDQA

Em seguida veio o Weezer (confesso conhecer só a letra de Island In The Sun). A única parte que animou os fãs foi os covers de sucessos nostálgicos como Take on Me – A-ha, Lithium – Nirvana, Happy Together – The Turtles e Paranoid – Black SabbathValeu pela simpatia do vocalista falando em português e pela tentativa de tocar esses clássicos, mas para mim eles não fazem diferença. Não dá vontade de ouvir ou conhecer outras músicas. Desculpa Weezer, mas vocês me deram sono. Deveriam estar no Palco Sunset e não no palco principal do evento.

Daniel Castelo Branco Agencia o Dia
Foto: Daniel Castelo Branco/ Agência o Dia
A noite de sábado encerrou com o Foo Fighters, figurinha carimbada aqui no Brasil, mas no Rock in Rio essa foi apenas a segunda apresentação da banda (a primeira aconteceu em 2001). Mesmo assim, devido as frequentes vindas ao país, às vezes eu canso de assistir o mesmo show com o setlist de sempre. No geral são mais de duas horas de duração com as mesmas e longas composições. Learn to Fly, Everlong, Walk, My Hero, These Days (uma das minhas favoritas), Times Like These, Best of You (outra das minhas favoritas…há anos tem alguém tirando o melhor de mim…) são hits que nunca faltam no repertório (ainda mais em um festival assim) e que super definem minha pessoa. Sim, embora às vezes enjoa ouvir as mesmas letras ao mesmo tempo eu amo, porque elas descrevem tudo o que eu sinto. O que mais gosto é que as canções não são românticas melosas. Falam sobre amor, mas de uma forma mais revoltada (“Fácil para você dizer, seu coração nunca foi partido, seu orgulho nunca foi roubado. Ainda não. Eu aposto que seu coração será partido. Eu aposto que seu orgulho será roubado. Eu aposto, eu aposto, eu aposto, eu aposto” – como não amar essa letra????). Sem contar as otimistas como Learn to Fly. Um dia ainda vou ver eles ao vivo!
Em determinado momento do show, Dave Grohl disse que chorou ao ouvir o Weezer tocar Lithium, do Nirvana, sua ex-banda na qual era baterista, e disse que sentia falta de tocá-la. Por isso, ele dedicou Big Me ao Weezer. Ok, eu adoro o Dave e se ele falou tá falado. Vou tentar dar uma chance pro Weezer…
A melhor parte do espetáculo foi a homenagem ao Queen. O baterista Taylor Hawkins puxou o coro de Love of my Life e o público respondeu cantando em alto e bom som. Taylor ainda assumiu o lugar de Dave ao cantar Under Pressure e Dave relembrou seus momentos como ex-baterista do Nirvana. Sim, tem gente que até hoje não sabe que o vocalista do Foo Fighters era baterista da banda de Kurt Cobain. Muitos acham o vocalista do Foo parecido com o baterista do Nirvana 😂😂😂😂😂😂😂
O show terminou com Everlong, mais um grande clássico. Embora eu esteja cansada do repertório de sempre é uma apresentação que sem dúvidas anima qualquer um, até mesmo quem não é fã.
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Foto: Marcelo Brandt/G1

Palco Sunset

Debaixo de chuva, a banda Ego Kill Talent foi a primeira a tocar. Uma das marcas registradas do grupo (formado por ex-integrantes do Sepultura e da  Reação em Cadeia) é a troca de instrumentos entre eles. A melhor parte foi a aparição do skatista brasileiro Bob Burnquist durante a música Heroes, Kings and Gods. Ele fez algumas manobras de skate no palco. O vocalista Jonathan Corrêa chegou  a participar de uma das rodas punk no meio da galera. A Ego Kill Talent é uma das principais bandas da nova geração do rock nacional. Eles já abriram a turnê do Foo Fighters, vão abrir também alguns shows do System Of A Down na Europa e estão confirmados nas apresentações do Metallica no Brasil ano que vem. Embora cantem em inglês, eles já têm um grande público aqui. Confesso que já tinha ouvido algumas músicas, mas somente agora estou começando a viciar no som deles. Talvez porque acho eles um pouco parecido com o Foo Fighters tanto no estilo quanto nas letras. Aliás os dois grupos são da mesma agência e o novo disco do Ego Kill Talent foi gravado no estúdio de…Dave Grohl! 😍😍😍😍😍

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Foto: Instagram @lu_valiatti

Em seguida foi a vez do Detonautas, me fazendo relembrar mais uma vez minha adolescência. Quando o sol se fo(“Hoje o seu retrato só me mostra o que eu quero esquecer”)Olhos certos (“Mesmo sem te ver não chegou ao fim”), Só por hoje (“Tô trancado no meu quarto meia-noite sem ninguém, eu não durmo mas pra mim tá tudo bem”) e Outro lugar (“Eu vou fazer de tudo pra trazer você pra perto de mim, pode acreditar que sim”).

O ponto alto do show foi o cover de Killing in the Name, do Rage Against the Machine, junto ao pessoal do Pavilhão 9. Antes da canção, o vocalista Tico Santa Cruz disse que “a diferença da música boa pra ruim é o tempo que ela dura, independentemente do estilo. A boa dura 20, 30 ou 50 anos. A ruim faz sucesso agora, mas ninguém lembra. E tem música boa em qualquer gênero”. (Super concordo com esse discurso, afinal letras de Beatles, Led Zeppelin, AC/DC e Guns N’ Roses – só para citar alguns – estão aí para mostrar que independente do tempo, continuarão sendo excelentes).

Em seguida, Tico brincou dizendo que ia cantar sertanejo universitário. Foi aí que ele puxou um “tchu” e “tcha” de zoeira, mas logo emendou Killing in the Name, que gerou uma roda punk em frente ao palco. Durante essa canção, o público soltou “ei Bolsonaro vai tomar no c*”. Ao tentar parar as manifestações, o cantor se atrapalhou dizendo para a plateia não invocar nenhuma energia positiva, ouviu algumas vaias, mas depois se corrigiu explicando que quis dizer energia negativa.

Tico Santa Cruz ainda fez outros discursos dizendo que o Brasil passa por momento de intolerância e pedindo que as pessoas se abraçassem. Durante a canção Ilumina o Mundo, que aborda a prevenção ao suicídio, o vocalista falou sobre a importância de cuidar da saúde mental e pediu para que as pessoas que precisassem de ajuda ligassem para o 188 (número do Centro de Valorização à Vida).

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Foto: Graça Paes/AgNews
Já os Titãs (agora em trio) tiveram participações especiais e um repertório cheio de sucessos (o que nunca falta em um festival assim). Erika Martins dividiu o palco com a banda em Flores e Lugar Nenhum. Ana Cañas cantou Comida e Sonífera Ilha. Antes dessa música, ela pediu “respeito às minas”, tirou boa parte da roupa que estava usando e ficou de topless (o que achei completamente desnecessário em um show de rock) . Sim eu sei que o rock tem um propósito de liberdade, mas precisa tirar a roupa para pedir respeito às mulheres? Desnecessária também a participação dela que só quis se aparecer gritando xingamentos várias vezes e atrapalhando a apresentação dos Titãs. Sem falar que não canta nada. Pula essa parte…
Já o rapper Edi Rock, do Racionais MC’s, (com o perdão do trocadilho, mas apesar do nome, ele não é do rock 😂) participou das músicas Diversão (em uma versão misturada de rap e rock) e Bichos Escrotos (em uma mistura com Mágico de Oz, dos Racionais, e com Érika Martins e Ana Cañas de backing vocals). Além de hits próprios como Homem Primata, Polícia e Epitáfio, a banda também surpreendeu cantando covers de Pro dia nascer feliz (Barão Verrmelho), Aluga-se (Raul Seixas) e Ôrra Meu! (Rita Lee).
Foto Eduardo Anizelli Folhapress
Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
Não posso deixar de falar sobre o Whitesnake fechando o palco Sunset no sábado. Sim eles tocaram no palco Sunset! Que absurdo! Por ser uma banda que está há mais de QUARENTA😱anos na estrada, o mínimo que mereciam era estar no Palco Mundo, o principal do Rock in Rio. Aliás foi a volta do Whitesnake ao evento após 34 anos!
Infelizmente a voz do David Coverdale não é mais a mesma, tanto que várias vezes ele joga para o público cantar. Ao comparar com o primeiro Rock in Rio, a voz dele praticamente sumiu. Saudades David…
O show teve clássicos misturados com algumas canções novas como Hey you (you make me rock). Os momentos em que o pessoal se anima mesmo são em Love Ain’t no Stranger (“Quem sou eu pra acreditar no amor?”) e na clássica Is this Love (aquela música brega de quem ainda acredita que o amor existe). Here I Go Again (que musicão da p*…) logo em seguida também agita o público. O solo de bateria de Tommy Aldridge foi um dos melhores momentos da noite.
Não sei explicar o quanto eu gosto das letras dessa banda. Senti falta de Give me all your love e Fool for your loving.
Ps: Preciso o dizer o quanto acho um absurdo quem chama o Whitesnake de rock farofa…Oi? A banda é uma das maiores do hard rock dos anos 70 e 80! É incrível como no Rock in Rio a mídia prefere destacar artistas que nada tem a ver com o festival nem com o estilo musical enquanto os verdadeiros representantes do rock são desprezados….
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Foto: Marcelo Brandt/G1

Palco Supernova

Alguns grupos de rock alternativo tiveram destaque nesse palco. Entre eles dois da Bahia: Vivendo do ócio (com destaque para a presença de palco) e Maglore. A banda Dona Cislene representou Brasília.
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Banda Dona Cislene Foto: Instagram @raykamartins

Rock District

Ainda no sábado o destaque foi o Charlie Brown Jr. com os integrantes remanescentes Marcão Britto (guitarra), Heitor Gomes (baixo) e Pinguim Ruas (bateria), além do vocalista Panda. O show “Tamo Aí na Atividade” é um projeto de  Alexandre Abrão, filho do ex-vocalista Chorão, em tributo ao pai e ao ex-baixista Champignon, que morreram em 2013. Claro que em uma homenagem como essa não poderiam faltar Te levar daqui (“Aquele tempo ficou pra trás, eu nunca fui feliz ali”), Zóio de Lula (“O dia passa horas se estendem, as pessoas ao redor nunca me entendem”), Proibida pra mim (“Se não eu, quem vai fazer você feliz?”) Ela vai voltar (Ela é daquelas que tu gosta na primeira, se apaixona na segunda e perde a linha na terceira”). Ainda teve um cover da banda californiana Suicidal Tendencies. Valeu pela homenagem, afinal o Charlie Brown tem músicas que marcaram uma geração de adolescentes, mas todos concordam (inclusive eu) que o grupo nunca mais será igual quando Chorão e Champignon estavam vivos.
Ps: o Palco Rock District terá um post especial em breve!

Domingo

Quem abriu a programação no Palco Mundo foi o Goo Goo Dolls, conhecido pelo tema do filme Cidades dos Anjos, Iris, e só… sim, eu até pensei “não é possível que eu só conheça essa” até porque sou mestre em ouvir um monte de música e não saber o nome nem quem canta, mas com o Goo Goo Dolls foi possível sim! Fiquei assistindo até o final para escutar Iris. Ok, super valeu! Foi a primeira vez que eles vieram ao Brasil e a impressão que tive é que eles sabiam que essa é a única letra deles conhecida aqui, porque o público estava morto durante todo o show. Creio que somente os fãs mais fiéis se animaram com outros hits (que eu só passei a conhecer naquele dia) como Black BalloonSlide e Broadway .
Somente na última canção todo mundo cantou com eles. Diferente do Weezer, Goo Goo Dolls é uma banda que dá vontade de ouvir mais. Inclusive depois de assistir esse show eu já fui correndo ouvir as outras músicas e super recomendo, mas ainda tenho minhas dúvidas se eles deveriam estar no Palco Mundo. Insisto: o Whitesnake é um milhão de vezes melhor e deveria estar no palco principal!
Marta Ayora TMDQA
Foto: Marta Ayora/TMDQA
Se no show dos Goo Goo Dolls já tinha gente desanimada, com Dave Matthews Band a coisa piorou. Nunca consegui gostar deles, não sei explicar o motivo. Reconheço o talento dos músicos e instrumentistas, mas tem alguma coisa que não bate. O vocalista soltou um “Eu amo Ivete”, que se apresentou pouco antes. Sério, um cara me dizendo que ama a Ivete Sangalo não preciso falar mais nada…
Uma das canções que chegou a empolgar o público foi Crash into me, mas não me animou nada. A melhor parte foi um medley com Sexy M.F, do Prince, seguido de um trecho de Back in Black, do AC/DC, e alguns versos de Stayin’ Alive, do Bee Gees. Julgando pela falta de energia da galera, essa é outra banda que poderia ter tocado no Sunset.
Claudia Martini Futura Press
Foto: Claudia Martini/ Futura Press
Encerrando a noite de domingo, tivemos Bon Jovi no seu terceiro show no Rock in Rio. É um dos conjuntos que eu adoro, mas confesso que foi um pouco decepcionante para mim. Vale a mesma crítica feita para o Foo Fighters: o show de sempre, com raras mudanças no repertório. A grande surpresa foi Always. No último Rock in Rio, em 2017, muitos fãs ficaram chateados porque mesmo gritando e implorando por Always, eles não tocaram, mas dessa vez ouviram o pedido do público. Jon Bon Jovi bem que tentou, mas acabou deixando para a galera cantar. Os fãs fizeram bonito, mas é inacreditável como aos poucos ele está perdendo a voz, não tem mais a força de antigamente… Ele não é mais Bom Jovem 😂😂😂😂😂
Justamente por isso eles evitam tocar essa música. É visível a dificuldade do vocalista em alcançar notas altas, manter o tom e a animação o tempo inteiro. Valeu a intenção de atender os pedidos da galera. Me surpreendi também em como Jon envelheceu em um intervalo de dois anos assumindo de vez os cabelos grisalhos e também com certas limitações físicas no palco. Ok, é justificável… Ele já tem quase 60 anos e a banda vem de uma turnê mundial. Nada disso chega a atrapalhar o espetáculo nem desanimar o público, mas óbvio que quem acompanha o grupo desde os anos 80 verá grandes diferenças.
Vozes e idade à parte, o show valeu graças ao carisma do vocalista e também aos hits (que eu amo e nunca faltam) como You Give Love a Bad Name (“Um sorriso de anjo é o que você vende, você me promete o céu, então me coloca no inferno”), Have a Nice Day (“Por que você quer me dizer como viver a minha vida?“), It’s My Life (“Eu não vou viver para sempre”) e Livin’ On A Prayer (quem não ama a história de Tommy e Gina?).
Sim, em Bed of Roses novamente teve uma fã que subiu ao palco e ganhou um selinho do cantor representando dez em cada dez mulheres no mundo 😂. Antes disso, outra fã subiu, dançou com o vocalista, mas acabou voltando para a plateia. Acho que ela não sabia que ganharia um selinho dele. Afinal que mulher em sã consciência recusaria um selinho desse grande sexy symbol??????
alexandre durão G1
Foto: Alexandre Durão/ G1
O Rock in Rio volta nesta quinta-feira com o Red Hot Chili Peppers como headliner e o Capital Inicial (que eu já disse um milhão de vezes que sou fã) abrindo o palco principal. Na sexta feira, o festival será dedicado a shows de heavy metal como Sepultura e Iron Maiden. Quem for roqueiro de verdade aconselho desligar a TV no sábado, que terá apresentação da Anitta e terminará com a Pink. No domingo vale a pena assistir os Paralamas do Sucesso abrindo o Palco Mundo seguidos por Nickelback, Imagine Dragons e Muse encerrando o festival.

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